quarta-feira, julho 28, 2010

Uma boa morte

O bem-te-vi cantava nos galhos da jabuticabeira.
Céu limpo, dia ensolarado, vontade de fazer nada, sentada na cadeira tentando ler um livro.
Quase cochilando.

Foi quando Chus (a pronúncia é Tchus), minha amada amigona de lonnnnnga data, convidou prum chá. Esta casa dela é encantada, mágica, escondida numa ruelinha simples.

E aí que pintou o nosso papo sobre uma boa morte.
É algo que peço a muito tempo.
Que a Morte, essa figura considerada amedrontadora, mas que percebo como uma benção e só nos leva no momento certo, me abençoe com uma boa passagem para o outro lado.

Peço para minha boa morte ocorrer sem dores, rodeada por amores, sejam eles pessoas ou livros ou artes.
Que eu me vá com saúde, consciente (sem Alzheimer!), com uma certa idade para poder olhar pra trás e ter histórias para contar no pós-vida.
Que eu tenha sabido aproveitar imensamente todas essas gotículas de felicidade e prazer, tão momentâneos e necessários e efêmeros.
Que eu tenha aprendido a perdoar, pra poder amar mais, melhor, que é isso que realmente vale.
Afinal, dessa vida só se leva a vida que se leva.

Tem gente que acha estranho, tétrico até, que a gente (eu e Chus e com certeza outros mais) peça por algo funéreo.
Mas... vai, considere com atenção.
A única grande certeza que temos é a dessa passagem.
Não há vida sem a morte, ninguém fica pra semente.
Por que então temos tanta dificuldade em aceitar que tudo nasce, vive e morre, nós inclusive?

Então.
Pra ter uma boa morte, também preciso de uma boa vida.
Que assim seja.

Jasmim na chuva

O som das gotas de chuva me chama para essa realidade que tanto quero evitar.
Ainda guardo um pouco de consciência, mas tento escondê-la nas dobras do lençol enquanto me entrego às nesgas de sonhos que flutuam como borboletas pela minha mente ainda cansada.

Reviro na cama, insatisfeita, sem o alívio da tua pele na minha, nem tuas mãos no meu corpo ansioso. Admito que o que mais quero agora é me entregar a esse limbo de prazer alucinado, proibido, com gosto de fruta roubada e cheiro de jasmim.

Meu inferno tem nome e sobrenome.

Ah, meu incubus, você só me deixa na vontade...
E até acordada suspiro por ti.

terça-feira, julho 27, 2010

Fogueira


Respirei fundo e abri uma das torres escuras da alma.
Liberei uma certa poesia dolorida que vivia enjaulada e encolhida, guardando meus desejos e anseios. Soltei o verbo, a voz, o grito.
Decidi enfrentar o que tanto dói e alegra e me devolve pra vida.

Fazia tempo que as margens do certo e do errado não pareciam tão embaçadas.

Melhor sofrer por tentar e errar?
Ou consigo depois encarar essa incerteza de nem sequer saber como seria a doçura dessa tentação?

Enquanto decido, meus demônios acordaram.
Estão lá fora ao luar, pulando e dançando alucinados em torno do pedacinho roubado do meu coração, espetado e queimando na fogueira das minhas próprias paixões.

Agora a dúvida que mais arde: se vou em frente e deixo pra trás esse pedaço tão chamuscado... Ou se nele enfio de vez os dentes.



(Não tenho o crédito da imagem!! Se alguém souber, por favor, informe...)

segunda-feira, julho 26, 2010

A lua, o tempo e o quanto te quero

Me toca! Agora...
É o que mais preciso, eu sei.
Sinto o peso do teu olhar, me aquecendo até derreter.
Arrepia minha nuca, tira meu ar, meu senso.
Meu juízo.

E desde quando desejo é lógico? Visceral, sim.
Insano e sem sentido.
Ahhhh, tanta loucura e demência e querer, misturados, todos grudados aos meus sonhos, onde despimos pudores e vestes enquanto meu corpo te ama no silêncio dessa vontade absurda, incontida, revelada pelo meu inconsciente que o ego tanto tenta esconder.

É desejo que respira pela minha pele ainda iluminada pela lua, mais um símbolo da ilusão!?, enquanto eu sonho e espero que você me pegue, me sinta, me agarre.
Me ame.

E me toque.


Não.
Nunca foi, mas sempre será porque não pode ser.

Eu vou é dormir, ainda sentindo tua pele na minha.
Quem sabe pra te encontrar nos meus sonhos. De novo.

E de novo.

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(Resposta a um pequeno desafio pra mostrar o que é ilusão. Ou desejo. Ou tudo junto e misturado...)
Pra ficar perfeito, a trilha sonora é esta.

sexta-feira, julho 02, 2010

Mudando...

Pois é. Terminou nosso tempo aqui em Itajaí.
Desde a venda das lojas (que foi a razão para mudarmos para cá) e a doença e falecimento do meu sogro, eu já sabia que a gente não continuaria na cidade. É uma gracinha, tem muita gente boa e querida, mas... depois da enchente em novembro de 2008, o ritmo de crescimento decresceu e não temos muitas opções de trabalho.
Fora que não tem o que eu quero estudar, outro ponto importantíssimo.
Pra completar, eu cansei do verão que começa em outubro (sim! depois de 2 semanas de primavera!!) e termina em março. Fevereiro deste ano as temperaturas ficaram ali nos 44ºC, com sensação térmica de 52ºC, de acordo com a Tv Record da cidade. E a umidade que mofa tudo, mesmo no verão?? Humpf.

Assim, estamos no processo de mudança. Já empacotando as coisas, decidindo o que vai e o que será doado/vendido, providenciando tudo.
Esta semana começo o pesadelo de pedir a transferência ou desligamento de alguns serviços.
Como demorei "somente" 4 meses para conseguir desligar a Sky (pedi em janeiro e eles ficaram insistindo até maio!), já estou incomodada com o que vou encarar no telefone. Vamos ver.

Estou muito esperançosa com o que nos aguarda... :-D
Então, que venha o novo.