sábado, dezembro 28, 2013

Nossas festas de 2013


Começo de dezembro, decidimos aproveitar as festas de final de ano de forma simples e tranquila, só nós dois mesmo aqui em casa. Montei uma árvore de Solstício de Verão (afinal, é esta a época que vivemos aqui!), preparei alguns trilhos para a mesa, providenciamos comidas gostosas e... relaxamos.




Para a árvore,  preparei algumas corujinhas de tecido, só não consegui fazer o desejado panô de corujinhas... ficou pro ano que vem!! :-)


A janta foi risoto de aspargos verdes e camarões. Trilhos de mesa e bandejinhas/porta-guardanapos feitos por mim. :-D


E de sobremesa, red velvet cupcake. Diliça!!
Receita aqui, seguida quase à risca (só troquei o açúcar por açúcar light):
http://www.icouldkillfordessert.com.br/receitas/cupcake/cupcake-red-velvet/



Já a receita do risoto foi invenção nossa.
Se você fizer, depois me conte como foi... ;-)

Risoto de aspargos verdes e camarão

Rende 2 porções bem servidas

Ingredientes:
1 xíc de arroz arbóreo (para risoto)
400 gr de camarões médios
Aspargos verdes (uso meio maço por risoto, já deixe em rodelas)
5 pitadas de cebola (uso em flocos, mas pode usar ao natural)
3 pitadas de alho (uso em flocos, mas pode usar ao natural)
100 ml de Vinho branco
Azeite qsp
2 colh sopa de manteiga
50 gr de queijo parmesão ralado

Modo de fazer:
Em uma panela ou leiteira, coloque água para ferver.
Corte os aspargos em rodelas e separe tudo que será usado.
Em uma panela média (a que será usada para fazer o risoto), frite o camarão com azeite até ficar levemente rosado (não frite demais, senão solta líquido em excesso e fica borrachento).
Reserve o camarão em um prato, escoe o caldinho para outro recipiente e reserve também.
Na mesma panela (nem se dê ao trabalho de lavar!), coloque em fogo médio para alto e ponha um pouquinho de azeite ou manteiga para derreter, acrescente a cebola, o alho e o risoto.
Dê uma fritadinha rápida e coloque o vinho.
Depois que o vinho secar, coloque o caldo do camarão.
Acrescente a água quente aos poucos, mexendo até cozinhar o arroz.
O risoto tem um ponto mais duro que o arroz normal, geralmente leva de 15 a 20 minutos para preparar.
Quando estiver quase no ponto, acrescente o aspargo (geralmente eu deixo as pontas para colocar por último, porque são mais macias e se colocar junto com o restante do aspargo, elas amolecem demais).
Depois coloque o camarão, mexa um pouco mais.
Acrescente as pontas dos aspargos, mexa por 30 segundos (é mesmo só pra esquentar).
Desligue o fogo, coloque a manteiga, mexa até derreter, misture o queijo ralado e tampe a panela por uns 3 ou 4 minutos.
Agora é só servir e se esbaldar...

quarta-feira, novembro 20, 2013

Dia da consciência - seja da cor que for

Momento desabafo, porque pra mim seria melhor ter um dia da consciência coletiva, em vez de consciência negra (ou de qq outra cor).
Aí eu ouço dazamigas professoras primárias que elas são forçadas a deixar passar de ano crianças que vão às aulas mas não aprenderam o conteúdo programático.
Sim, forçadas, não pode reprovar, ainda que as crianças não tenham entendido lhufas.
Aí essas crianças chegam ao 2º grau sem lerem direito, sem compreender o conteúdo do que leram, sem conhecer o básico.
Aí aquela criança que "estudou" desse jeito empurrado pelo estado (em minúscula porque é vergonhoso deixar passar só pra melhorar a meta pra se mostrar pros gringos das nações unidas), vai usar as tais cotas pra entrar em uma faculdade.
E aí ela chega sem conhecimento, sem base, sem conseguir ler e sem entender direito o que os professores falam (tenho amiga minha professora universitária que já contou que vários alunos sequer conhecem coisa que deveria ser apresentada na 9º série).
Sério, como vocês imaginam que será esse profissional?
Como que a pessoa vai conseguir entrar e, mais importante, se manter no mercado de trabalho? Até então o estado esteve praticamente acobertando a falta de preparo da pessoa.
Na hora do "vamuvêqualéqueé", de encarar a concorrência e provar que sabe fazer melhor que eles, não vai ter estado nem psicóloga do estado pra passar a mão na cabeça se você errar. Não vai ter papai ou mamãe exigindo para a professora trocar a nota - não tem mais professora, lembra?
Mercado não perdoa.
Chefe precisa de resultado, cliente quer resultado.
E a pessoa, que até então esteve recebendo uma educação falha, de repente não consegue se manter na concorrência imensa da selva que o mercado é.
Não é novidade alguma que os gringos que já têm um tempo de Brasil comentam que um dos maiores problemas é a mão de obra, porque ela não está preparada.
O povo não quer saber de estudar, se esforçar, afinal, é mais fácil receber trocentas bolsas e incentivos concedidos pelos impostos pagos pelos outros...
Melhor pegar a graninha concedida pelo estado e colocar unhas postiças (sim, uma amiga contou por aqui que viu a unha postiça ser paga com o cartão do bolsa família).

É por causa disso que eu sou contra bolsas famílias, bolsas em geral e cotas em universidade.
Se a pessoa não passou no vestibular, é porque não está preparada e ponto.
Precisa estudar mais, sim. Deixa que entre aquele se mostrou mais preparado, que tirou nota mais alta.
É fato notório que entrar na faculdade é o mais fácil: difícil mesmo é sair formado da faculdade. E mais difícil ainda é conseguir sucesso lá fora.

Acho que tá faltando é espinha nesse povo.
Espinha pra estudar, pra se esforçar, pra não aceitar a migalha.
Sim, merecemos mais, mas pra receber tem que se esforçar.
Enquanto o povo ficar nesse lenga-lenga de aceitar a educação como está, a saúde, a corrupção, a propina, continuaremos sendo paizéco de terceiro mundinho (sim, é o que somos).
E é uma pena perceber que a situação não vai mudar tão cedo não... :-(

domingo, março 17, 2013

Meus 14 anos



30 de abril de 1982. Véspera de meu aniversário de 14 anos.
Eu estava animada, já que minha mãe prometera um almoço fora e talvez um cinema, um passeio para estrear a jaqueta jeans novinha que eu tanto pedira. Vivíamos uma época difícil, de dinheiro curto. Por sorte, minha avó materna e meu tio (que também é meu padrinho) nos acolheram depois da separação complicada de minha mãe, um escândalo na época. E foi a primeira separação da família inteira, de todos os lados... Hoje é algo mais comum, embora ainda sofrido. Naqueles tempos, ainda havia uma carga de preconceito bem grande, cheguei a ouvir de vizinhos que uma das meninas da rua não poderia brincar conosco por sermos filhas de mulher separada!!




Enfins. Meu pai vinha nos ver todos os domingos, nos levava para almoços nos tios portugueses, o que nos permitia conviver mais com a família do lado dele, foi algo ótimo! Eu e minha irmã percebemos que ele passou a nos dar mais atenção depois do que antes da separação... Com o tempo, as coisas assentaram e continuamos a nossa vida de crianças normais que éramos: escola, turma da rua, às vezes um passeio, biblioteca, estudar, etc. No meu caso, eu ainda precisava tirar notas boas, porque bolsista não pode sequer considerar repetir o ano na escola. Era minha responsabilidade principal, dizia minha mãe. E sempre me esforcei, uma forma de compensar pelo tanto que ela trabalhava: de dia como esteticista em uma clínica, à noite como professora universitária, chegava a lecionar em 2 ou 3 faculdades porque professor não ganhava bem naquela época. Apesar dos títulos de mestre e doutora que ela tinha, o salário de professor era menos que o necessário para manter duas filhas pequenas, por isso ela procurou outra opção que rendesse mais, mesmo que fosse mais simples.

Em 1982, já fazia alguns anos que mamãe às vezes passava mal. Mal mesmo: uma úlcera a fazia vomitar panelas e panelas de sangue. Depois de 1979, ela não conseguiu mais esconder de nós tais incidentes, mas a pior crise foi a que aconteceu na véspera de meu aniversário de 14 anos. Nesse dia, ela chegou do serviço de táxi, por volta das 10 da noite, já se sentindo mal. E começou o pesadelo. Pouco depois que ela começou a vomitar, a levamos para o hospital, que graças aos Deuses era do outro lado da rua. Eu me recusei a sair de perto: acompanhei o desespero na voz das enfermeiras, que pediam por uma lupa para tentar localizar uma veia, qualquer uma, para começarem uma transfusão de sangue de urgência. Vi a correria do médico para estabilizar o estado de mamãe. Percebi quando ela perdeu a consciência. 

Dá pra ver muita coisa do lado de fora da porta aberta de um quarto de hospital.

Foi uma noite infernal. Por volta das 4 da manhã, conseguiram me arrastar para casa, porque até então eu continuava em volta da porta do quarto onde ela estava, com sua situação levemente estabilizada. O hospital cuidou dela como pôde, mas no dia seguinte meu tio Álvaro solicitou a transferência para o hospital de Mogi das Cruzes no qual ele trabalhava como médico. Os médicos duvidavam que mamãe conseguisse sobreviver à viagem de 2 horas em ambulância, mas concederam a transferência.
Ela conseguiu. Viveu ainda mais 9 anos e 7  meses. 

Quando essa crise aconteceu, a maior preocupação dela era que minha irmã Ana só tinha 10 anos e precisaria de apoio até se tornar adulta. E mamãe pediu novamente que eu tomasse conta da Ana, que era tão pequenina. Assim eu fiz.

Fiz também o secretariado técnico, porque mamãe julgava que eu conseguiria trabalho bem remunerado com certa facilidade (e foi o que realmente ocorreu). Por ela, encarei ainda a faculdade de secretariado: minha formatura aconteceu 20 dias antes dos meus 21 anos.  E trabalhei muito para juntas darmos conta da vida, até que ela se foi por causa do câncer causado por essa maledeta úlcera que não se conseguia curar...

Sempre estive presente quando ela precisou. E agradeço imensamente por tudo que ela me proporcionou... 

Mas por que estou contando isto tudo agora? É que durante o meu ginásio e até mesmo no colegial, eu nunca contei dos problemas de saúde que enfrentávamos em casa. Eu simplesmente deixava quieto, pensava que ninguém precisava saber e eu definitivamente não queria virar a “coitadinha” da minha turma de ginásio... Mas convenhamos: não há como continuar a ser criança depois de conviver por algum tempo com pessoas seriamente doentes. E foi isso que aconteceu comigo e com a minha mana Ana. Hoje estou mais à vontade para contar que sim, nós vivemos tudo isso. Foi como aprendemos que, apesar dos problemas, temos mais é que aproveitar plenamente a vida. 

Exatamente como a minha mãe fez. :-)