A vida dá muitas voltas, né... Com o falecimento do meu pai (que apesar da gente saber que ele não ia sarar, que era o melhor pra ele, que ele tava sofrendo e tals, bem, foi dolorido), me peguei recordando pedacinhos da minha infância, especialmente de episódios com a minha avó Eilah. Ela era especial. Sei que a gente se desentendia volta e meia, já viu, duas bicudas não se beijam, ainda mais teimosos como nós, mas a gente se amava. ;-)
Lembrei de cenas de almoço em família, conversas, ensinamentos passados na convivência, truquinhos de cozinha que só fui perceber que eu sabia quando realmente precisei usar quando fui morar sozinha, com mais de 30 anos. Aliás, cozinhar é algo que faço graças aos montes que aprendi assim, em bate papo com minha mãe e com dona Eilah. Apesar de minha teimosia em não querer aprender, muitas dessas informações grudaram no cérebro e agora aproveito várias delas... Quer ver só?
Pra bater clara em neve, tem que ser em uma vasilha de preferência de vidro, mas muito bem lavada, sem gordura alguma. Raspe umas casquinhas de limão, deixe separadas, com o sumo de meio limão a gente lava a vasilha, porque o limão tira tudinho de gordura... Aí a gente bate a clara (eu tenho o batedor da vovó por aqui), pode ser na batedeira, afinal, pra ficar ideal tem que bater bem. Quando ela estiver quase durinha, é hora de pingar umas gotas de limão (da outra metade) e colocar a casquinha. Vai ficar ainda mais branca, além do limão cortar o sabor esquisito da clara.
Tá, mas o que fazer com elas? Pudim de claras, claro. É tão facinho...
Quando essa clara estiver bem batida, firme, é só polvilhar açúcar, vai peneirando aos poucos.
A proporção é de 2 colheres de sopa de açúcar por clara (vovó usava 3, mas prefiro aliviar a mão em açúcar, talvez seja complexo de culpa de ex-magrela que enfofou). Tá, coloca um pouquinho mais de açúcar. Fica bom, né...
Aí bate mais um pouco, vira aquele creme crescido. Tudo bem? Então é só colocar na forma caramelada. Ah, não sabe fazer? Vamos lá.
Pegue uma panela, o ideal é de ferro. Não use teflon nem esmalte porque o calor que o açúcar alcança estraga o treco. Eu não gosto de alumínio (pra nada de cozinha, aliás), mas esse é um dos raríssimos casos em que deixo pra lá. Então. Coloque a panela no fogo baixinho, jogue uma xícara de açúcar e deixe lá. É, sem mexer mesmo. O açúcar vai começar a derreter sozinho, quando estiver mole, dourado e com cara de bala de caramelo, jogue 3 colheres de água e aí sim mexa bem. É, vai fazer "tchhhhhi", dá um trabalhinho até derreter de novo, mas fica melhor do que só usar o açúcar derretido (minha irmã costuma usar sem a água, ela diz que é trabalho demais, mas eu curto jogar a tal aguinha). Enfins, depois que amolecer tudo de novo, é só colocar na forma, deixando escorrer pelas paredes.
E aí a gente coloca as claras batidas com açúcar, cobre a forma com papel alumínio e coloca no banho maria (dentro de uma forma com água) pra assar no forno médio, aquecido previamente.
O resultado é divino. O tipo de coisa que tem mesmo que ser feito em casa, por alguém que nos ame, pra se entuxar de comer em almoços de domingo.
Saudades que deu da minha família.
Um comentário:
Ahhh eu não lembrava mais da proporção das claras pra fazer o pudim, da próxima vez que sobrarem claras do quindim vou fazer pudim de claras... podemos comer juntas. YAH
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